Somente neste ano, foram vendidas 1,45 milhões de novas cotas de consórcio. Quase seis milhões de pessoas são participantes ativos da modalidade, segundo dados da Associação Brasileira dos Administradores de Consórcio (ABAC). Apesar do interesse elevado, o produto não é interessante para todo tipo de consumidor, de acordo com o planejador financeiro certificado pelo IBCPF, Valter Police.
No segundo post da série “Vale Apena” a análise recai sobre os consórcios, uma invenção brasileira que mescla poupança, consumo e sorte.
O que é o consórcio?
Antes de tudo, é importante entender que o consórcio não é um investimento, mas apenas um meio de conseguir comprar algo. É uma poupança coletiva que de tempos em tempos contempla um dos participantes com um valor para ser utilizado na aquisição do bem.
Os participantes, também chamados de cotistas, se comprometem a contribuir mensalmente para a formação dessa poupança conjunta. Para ter acesso à sua parte da poupança há duas maneiras:
Sorteio: periodicamente (pode ser semanal, mensal, etc) a administradora do consórcio realiza sorteios para que alguns cotistas sejam contemplados. Se for sorteado, o participante já pode utilizar o crédito para comprar o bem.
Lance: se não for sorteado, resta ao cotista dar um lance para receber o crédito. Para entender quem vence o lance é preciso ler o contrato do consórcio, pois há as mais diversas modalidades. No lance livre, por exemplo, em geral é contemplado quem ofereceu o maior porcentual em relação ao crédito que está concorrendo. Veja exemplo:
Existem consórcios de imóveis, de carros, de eletrônicos, de serviços (como cirurgia plástica e festa de casamento) e outros. Os mais comuns são os dois primeiros.
Vale a pena?
Quem entra em um consórcio parcela um crédito que só terá acesso no futuro. Em termos de custo é mais barato um consórcio do que um financiamento, que te dá direito a comprar o bem de imediato. “O custo do consórcio é menor porque não há juros. Há somente a taxa de administração, mas que sem dúvida é menor do que o juro do financiamento”, diz Police. Pensando nisso, para o consórcio valer a pena o consumidor deve ter duas características:
1) Não ter pressa. Se o consumidor quer trocar de carro daqui três anos, mas ainda não tem dinheiro suficiente para a aquisição, pode entrar no consórcio. “O cotista vai contar com a sorte. Pode ser que ele seja contemplado na primeira parcela como na última. O ideal é esperar que o crédito saia na metade”, diz o planejador. Assim, se o consórcio tiver 36 parcelas, por exemplo, o cotista deve esperar que seja contemplado mais ou menos até o 18º mês. O financiamento atende quem vai precisar do crédito já no momento presente.
2) Não ter disciplina para poupar sozinho. A melhor situação ocorre se o consumidor já tem dinheiro suficiente para comprar o bem, sem precisar de financiamento ou qualquer outro tipo de crédito. Se não possui, o melhor é poupar em algum investimento mais conservador, como a renda fixa. “O consumidor deve fazer os juros trabalharem a favor dele e não contra ele, como ocorre em um financiamento”, afirma Police, ao lembrar que investindo o aplicador receberá rendimentos. Se o interessado não tem o dinheiro mas também não tem disciplina para poupar, o consórcio é o meio indicado de atingir o objetivo.
Uma coisa é certa, você não vai mais pagar aquele juros orbitantes dos financiamentos.
Atenção!
Mensalmente, o Banco Central divulga uma lista de administradores autorizados a vender consórcio. Como em outros mercados, há muitos golpes. Antes de comprar uma cota, é importante checar se a empresa é confiável. Caso tenha algum problema, há um canal de denuncia no BC.
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